Repercussão da prisão de Jair Bolsonaro

No sábado (22/11), o ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso preventivamente por ordem do ministro Alexandre de Moraes, sob alegação de risco de fuga e de “agitação social”, após ter sua tornozeleira eletrônica danificada.

Essa prisão provocou forte reação no estado: o governador de SC, Jorginho Mello (PL) , afirmou que a detenção é um “golpe” e defendeu que Bolsonaro “não roubou um pila”, sugerindo que a prisão seria perseguição política.

O senador Jorge Seif (PL-SC) também condenou a medida, reforçando o discurso de que é uma ofensiva contra a principal figura de oposição. Por outro lado, há consenso em parte da imprensa de que a decisão judicial se baseia em riscos concretos de fuga e não em uma simples retaliação política.
Tensão interna no PL catarinense

A candidatura de Carlos Bolsonaro (PL-RJ) ao Senado por Santa Catarina segue causando fratura dentro do partido no estado. Já há forte resistência de lideranças locais.

A deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PL-SC) tem defendido a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) na disputa e criticado a influência da “família Bolsonaro” na política catarinense. Apesar disso, o governador Jorginho Mello reafirmou que Carlos Bolsonaro será candidato pelo estado, dizendo que o PL catarinense está unido e que a decisão será formalizada apenas em 2026.
Autorizações de visita a Bolsonaro

Alexandre de Moraes autorizou visitas de políticos catarinenses a Bolsonaro em sua prisão domiciliar.
Essas visitas têm simbolismo forte: reforçam laços entre a liderança bolsonarista nacional e figuras do PL em Santa Catarina, o que pode ter impacto nas definições eleitorais futuras, especialmente para 2026.
Análise: por que a prisão de Bolsonaro é tão relevante para Santa Catarina

Importância estratégica de SC para o bolsonarismo
Santa Catarina tem sido um reduto fortemente bolsonarista. Em 2022, por exemplo, Bolsonaro obteve uma votação expressiva no estado, o que torna SC politicamente simbólica para ele e para seu projeto. A prisão, portanto, não é apenas um fato nacional, mas também um abalo direto na base estratégica de apoio.
Chance para reconfiguração do PL local
A detenção pode ser um divisor de águas para o PL em Santa Catarina: Para Jorginho Mello, pode ser uma oportunidade de afirmar sua liderança sem estar permanentemente à sombra de Bolsonaro. Como mencionado por colunistas locais, esse momento pode permitir que Mello “defina a chapa ao Senado” com mais autonomia.
Por outro lado, a candidatura de Carlos Bolsonaro — defendida por Jorginho — reforça que o ex-presidente ainda tem influência forte no estado, mesmo preso. Isso cria um dilema: o PL tenta manter coesão entre a máquina estadual e a figura nacional de Bolsonaro.
Risco de institucionalização da narrativa de “perseguição”
A retórica usada por líderes catarinenses (como Mello e Seif) — de que a prisão seria uma “ injustiça ” ou “ perseguição política ” — fortalece a narrativa bolsonarista de que ele é vítima e não criminoso. Isso pode mobilizar eleitores, especialmente os mais engajados, e cristalizar alianças para futuras disputas eleitorais (como 2026).
Impacto eleitoral e simbólico
Se Bolsonaro ficar preso por muito tempo, isso pode enfraquecer seu protagonismo direto, mas pode também galvanizar seus apoiadores ao redor de causas como anistia ou cristianismo político, fortalecendo candidatos aliados em SC. Para a oposição e a sociedade democrática, a prisão pode ser um marco de responsabilidade institucional, mostrando que ex-presidentes não estão acima da lei — o que tem forte repercussão simbólica.
Possível reação social
A ordem de prisão preventiva já gerou receios de “agitação social”. Em um estado como Santa Catarina, onde o bolsonarismo tem peso, há potencial para mobilizações de apoio. Isso pode tensionar ainda mais o cenário político local, especialmente se aliados catarinenses organizarem protestos ou ato de resistência.